Não sei bem explicar como é comovente e triste esta epopeia de mais de 1000 emigrantes coreanos embarcados em 1905 para trabalhar no México. Esquecidos pela História, o seu próprio país desapareceu pouco depois, engolido pelo Japão. Imaginá-los esperançados de encontrar um mundo melhor (apesar de tudo, emigravam para escapar à pobreza da Coreia quase feudal da época) e indo parar às mãos de fazendeiros exploradores de «henequem», uma planta fibrosa e espinhuda no Yucatán. Num país cuja língua, costumes, religião desconheciam, mas em cujas lutas acabam por se embrenhar, chegando a combater como guerrilheiros e a formar uma Nova Coreia na floresta da Guatemala. Lembro a grande emigração portuguesa na mesma época, para o Brasil, a América. Com todas as dificuldades que esses portugueses tiveram, pelo menos o seu país não deixou de existir, haveria uma representação consular a que recorrer. Estes coreanos não, ficaram mesmo quase esquecidos até Kim Young Ha ter tido contacto com esta história verdadeira, ter investigado e escrito este livro. Uma beleza.