"Não poderia contar as vezes, num dia normal, em que acontecia alguma coisa e eu queria contar-lhe. Esse impulso não cessou com a sua morte. O que cessou foi a possibilidade de uma resposta. Encontro algo no jornal que normalmente lhe teria lido em voz alta."

Há muito tempo que queria ler Joan Didion e sabia que este seria o primeiro livro que leria dela. Sabia igualmente que acabaria com um coração partido, por isso só agora me senti preparada.

Não sublinhava tanto um livro há imenso tempo - as expetativas elevadas que tinha foram largamente superadas. Durante a leitura, o meu coração partiu-se, reconstrui-se, partiu-se mais uma vez. Não é só uma abordagem ao luto, mas à perda - seja ela de que forma for - e como inevitavelmente leva à nossa perda também. Como precisamos de nos agarrar às memórias, à nostalgia, a necessidade de reviver os momentos para agarrar todos os pedacinhos que sobraram. Como o "vórtice" nos suga.

Resta uma vontade louca de ler tudo o que esta senhora escreveu. E este livro entra nos meus preferidos da vida.