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A review by ritaralha
Delírio by Laura Restrepo
4.0
Ao chegar a casa depois de uma curta viagem, Aguilar, um antigo académico transformado em vendedor de comida para cães, recebe um telefonema de um estranho que lhe diz para buscar a sua esposa que está num quarto de hotel. É aí que Aguilar encontra Agustina, em completo estado de delírio.
Ao tentar resgatar Agustina da sua própria mente, Aguilar desenterra fragmentos de histórias que aparentemente não estão relacionadas com o estado delirante de Agustina, mas que gradualmente tecem um contexto em torno da vida dela e, simultaneamente, reflectem a realidade social e política da Colômbia dos anos 80.
Delírio não segue uma estrutura convencional; a narrativa é fragmentada, sem capítulos, apenas com quebras de página, e a autora alterna entre primeira, segunda e terceira pessoa, do presente para o passado, da narração directa para a indirecta, mudanças bruscas de vozes narrativas sem um padrão aparente. Nas primeiras páginas, pode ser um pouco difícil de acompanhar, mas depois de assimilado, a leitura torna-se viciante.
É precisamente a maneira como Laura Restrepo alterna entre narradores, cada um para cada fragmento do passado de Agustina, e a forma como, em alguns momentos, principalmente quando Agustina aparece em cena, os pedaços de informação são partilhados entre eles, que torna a narrativa deliciosa.
Ficam muitas perguntas sem resposta, incluindo a da eventual sanidade de Agustina. O romance termina com uma nota esperançosa.
«Professor Aguilar, se apesar de tudo ainda me ama, ponha uma gravata vermelha amanhã»

Senhorita Londño, esta gravata parece-lhe suficientemente vermelha?
(…) é que o delírio carece de memória, reproduz-se por partenogénese, enrosca-se em si próprio e prescinde do afecto, mas sobretudo carece de memória.
Ao tentar resgatar Agustina da sua própria mente, Aguilar desenterra fragmentos de histórias que aparentemente não estão relacionadas com o estado delirante de Agustina, mas que gradualmente tecem um contexto em torno da vida dela e, simultaneamente, reflectem a realidade social e política da Colômbia dos anos 80.
Delírio não segue uma estrutura convencional; a narrativa é fragmentada, sem capítulos, apenas com quebras de página, e a autora alterna entre primeira, segunda e terceira pessoa, do presente para o passado, da narração directa para a indirecta, mudanças bruscas de vozes narrativas sem um padrão aparente. Nas primeiras páginas, pode ser um pouco difícil de acompanhar, mas depois de assimilado, a leitura torna-se viciante.
É precisamente a maneira como Laura Restrepo alterna entre narradores, cada um para cada fragmento do passado de Agustina, e a forma como, em alguns momentos, principalmente quando Agustina aparece em cena, os pedaços de informação são partilhados entre eles, que torna a narrativa deliciosa.
Ficam muitas perguntas sem resposta, incluindo a da eventual sanidade de Agustina. O romance termina com uma nota esperançosa.
«Professor Aguilar, se apesar de tudo ainda me ama, ponha uma gravata vermelha amanhã»
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Senhorita Londño, esta gravata parece-lhe suficientemente vermelha?