"A vida é uma ópera"

Esta frase do mais extraordinário capítulo deste livro funciona também como um mission statement. Esta a ópera das pequenas coisas, a tragédia que se forma a partir dos nadas do dia-a-dia.
Dom Casmurro é o Bentinho, que no fim da vida nos conta a sua história e, fundamentalmente, o seu amor por Capitu. Pelo meio, vai pintando em cores vívidas a sociedade do Rio de Janeiro durante a segunda metade do século XIX. Não quero dizer muito mais sobre a história, ia estragar a experiência, só aconselho a ler.

O que eu tenho mesmo que referir, e talvez o que eu mais gostei no livro, é a escrita. O estilo de Machado de Assis é delicioso. Custa a crer que este livro foi editado em 1900, a escrita é extremamente moderna. Fiquei com a ideia que o resto da literatura lusófona (pelo menos que eu conheço) levou uns 50 anos para apanhá-la. E tão maravilhosamente espirituoso! Capaz de encontrar o humor no quotidiano e sempre mordaz. O que, verdade seja dita, é meio caminho andado para o meu coração (não fosse Jane Austen uma das minhas autoras favoritas). Definitivamente quero ler mais deste autor.